VLAD TEPES: o verdadeiro Drácula




O Príncipe Vlad Tepes, o personagem histórico que deu origem ao mito do Drácula, foi governante da Wallachia em 1448, de 1456 a 1462 e em 1476. O nome romeno Draculea (filho de Dracul) foi-lhe concedido pelo seu pai, Vlad III, chamado Vlad Dracul por pertencer à Ordem do Dragão.Vlad Tepes ganhou o nome romeno Tepes, que significa Empalador, devido à forma como punia os seus inimigos, forma de tortura muito usada na altura, nomeadamente pelo seu primo Stefan cel Mare. No empalamento, o corpo era trespassado por uma estaca de madeira sem tocar em nenhum órgao vital, o que fazia com que a pessoa sofresse terrivelmente por um período não inferior a 48 horas antes de morrer.










Para falar de Drácula, o verdadeiro, vamos saber um pouco sobre o seu passado, principalmente sobre seu pai, Vlad Dracul. O verdadeiro Drácula, era um príncipe que viveu na Valáquia, chamado Vlad Draculea. Ele nasceu por volta do ano de 1431, na Transilvânia, na cidade de Sighisoara, Romênia (Schassburg, em alemão). Esta cidade está localizada a cerca de 40 quilômetros ao sul de Bistrita. A casa em que ele morou é identificada por uma placa, que identifica que seu pai, Dracul, morou ali de 1431 a 1435.

A mãe de Drácula, princesa Cneajna, da dinastia Musatin da Moldávia (cidade vizinha), criou o jovem Drácula com o auxílio de suas damas de companhia, dentro de casa. O pai de Drácula tinha uma amante de nome Caltuna, que teve um filho também chamado Vlad. Esta mulher, posteriormente ingressou num mosteiro, onde adotou o nome de Eupráxia. Este irmão de Vlad, ficou conhecido mais tarde como VLAD, O MONGE, por ter seguido a carreira religiosa. Naquela época, todos os filhos de um rei eram considerados legítimos, independente da mulher que os tinha.



Agora vejamos um pouco sobre o pai de Vlad, Vlad Dracul.


Vlad exercia sua autoridade sobre todas as cidades alemãs da região e defendia a Transilvânia de ataques dos turcos. Tal autoridade era recebida do sacro imperador romano Sigismundo de Luxemburgo (educado em Nuremberg por monges católicos). A sua influência política tornou-se mais forte quando em 1431, lançou sua investida como Príncipe da Valáquia e entrou para a Ordem do Dragão, uma fraternidade secreta militar e religiosa, cujo objetivo era proteger a igreja católica contra heresias, criada pelo imperador Sigismundo e sua segunda esposa, Bárbara Von Cilli. Outro objetivo da Ordem, era organizar uma cruzada contra os turcos, que haviam invadido a Península dos Balcãs.

Porém, em um certo período, o lado político de Vlad percebeu que toda a política estava pendendo para o lado do sultão turco Murad II. Sendo assim, traiçoeiramente, assinou um acordo com o sultão turco, contra aqueles ao lado de quem havia lutado: Sigismundo e todos os seus sucessores. Várias vezes, Vlad acompanhou o sultão em ataques por toda a Transilvânia, contra os seus compatriotas transilvanos.







O sultão, sempre desconfiado, armou uma emboscada para Vlad e seus filhos. Vlad foi preso, acusado de deslealdade. Para salvar seu pescoço, o que fez? Deixou na cidade turca como reféns, seus dois filhos: Vlad e Radu. Isso ocorreu em 1442. Os dois meninos ficaram sob prisão domiciliar no palácio do sultão.



Aí é que podemos falar mais sobre Drácula.



Esses anos de cativeiro, foram fundamentais na formação do seu caráter. Drácula passou a desprezar a vida e ter uma baixa estima pela natureza humana. Sabendo que ao menor deslize de seu pai, sua vida lhe seria simplesmente tirada, Drácula aprendeu cedo que em política, a moral é algo totalmente inútil. Aprendeu a língua Turca (a qual sabia como um nativo) e foi aproximado dos prazeres do harém do sultão (já que seu cativeiro não era algo tão restrito assim). Porém, é relatado pelos seus captores que desenvolveu uma reputação de trapaceiro e ardiloso, insubordinando e bruto, inspirando medo aos seus próprios guardas.



Em seu interior, Vlad gravou dois pontos importantes, que se tornaram linhas a serem sempre seguidas: nunca confiar em homem nenhum novamente e a sua sede de vingança. Já seu irmão Radu, de personalidade mais fraca, foi totalmente cativado pelos turcos, tornando-se um aliado em potencial de Murad II.

O pai de Drácula, faleceu em 1447, vítima de uma emboscada por João Hunyadi. O irmão de Drácula, Mircea, foi cegado com ferro em brasa e queimado vivo. Esses dois fatos também fortificaram a sede de vingança de Drácula que fugiu da corte turca em 1448 e após uma tentativa frustrada de tomar o trono Valáquio, fugiu para a Moldávia, governada pelo príncipe Bogdan, cujo filho, Estevão, era primo de Drácula.









Ali, Drácula ficou exilado até 1451, até Bogdan ser brutalmente assassinado. Sendo assim, Vlad, sem alternativas, apresentou-se a João Hunyadi, na Transilvânia. Por interesses políticos mútuos, Drácula e Hunyad se aproximaram de modo que Hunyad foi o último tutor de Drácula. Com ele, Drácula aprendeu muito sobre estratégia antiturca, pois participou de muitas campanhas contra os turcos em regiões que hoje conhecemos por Iugoslávia.



Outra cidade ligada ao nome de Drácula, é Brasov (Kronstadt para os alemães). Dizem que foi em suas colunas que as vítimas de Vlad eram empaladas e deixadas morrerem e apodrecerem ao sol.

Conta-se que em uma destas colinas, Drácula jantou e tomou vinho entre seus cadáveres. Há também uma narrativa russa que fala de um boiardo, que veio para uma festa em Brasov e não aguentando o cheiro do sangue coagulado, fechou suas narinas com os dedos, num gesto de repulsa. Drácula mandou que fosse trazida uma estaca e a exibiu ao visitante dizendo: "Fica ali, bem afastado, onde o mau cheiro não vai incomodar-te". E mandou empalar o boiardo.







É difícil estabelecer estatísticas sobre aquela época, mas segundo relatos alemães, parece que em um de seus saques, quando matou um de seus rivais e empalou TODOS os habitantes da cidade de Amlas, Drácula matou cerca de vinte mil pessoas, entre mulheres, homens, crianças. Isso significa que morreram mais pessoas do que na conhecida NOITE DE SÃO BARTOLOMEU em Paris, um século mais tarde, quando Catarina de Medicis ordenou o massacre dos protestantes na festa de casamento de sua filha Margot com Henrique de Navarra.

Porém, no folclore romeno, Drácula não é considerado totalmente um vilão, ao contrário das tradições alemãs, turcas e algumas russas. Na Valáquia, Vlad é homenageado em baladas populares e lendas camponesas, principalmente nos vilarejos das montanhas que cercam o próprio castelo de Drácula, região onde ele é mais lembrado. Apesar das distorções que ocorrem pelo passar do tempo e a transliteração dos fatos, Vlad é realmente parte importante na reconstrução do passado. Os camponeses se orgulhavam dos feitos militares de Drácula, não importando os métodos por ele utilizados para tanto. O fato dele ter lutado para expulsar os "não-cristãos" parecem aliviar sua culpa pelos empalamentos dos compatriotas.
Sobre “A ordem do Dragão”



Baseado nos templários, A Ordem do Dragão era uma ordem católica (cristã), Os membros juravam defender a fé e o país lutando contra os turcos e outras heresias. O emblema era um dragão que pode ser traduzido como diabo, vem de dracae que significa hidra ou serpente, é parecido com o ouroboros a serpente entrelaçada que morde a própria cauda, a diferença é que ao invés de morder a cauda o dragão é enforcado por ela.







Segue abaixo mais informações sobre está ordem




Segundo Elizabeth Miller, a Ordem do Dragão (“Drachenordens” em alemão e “Societatis draconistrarum” em latim) foi uma instituição, similar a outras ordens cavalheirescas do tempo, modeladas na Ordem de São Jorge (1318). Foi criada em 1408 pelo sacro imperador romano Sigismund (quando era rei da Hungria) e sua rainha Bárbara Cilli, principalmente com o propósito de ganhar a proteção para a família real. De acordo com seu estatuto (que sobrevive em uma cópia datada 1707), a ordem também requeria a seus novatos defender a cruz e batalhar contra seus inimigos, principalmente Turcos. A ordem original compreendeu vinte e quatro membros da nobreza, incluindo algumas figuras notáveis como o rei Afonso de Aragão [será que é parente do Fernão de Aragão???!!! Se for acho que isso ajuda a explicar o "dragão" empalado decorando as armas dos Mello e Castro num desenho se São Bartolomeu...] e Nápoles, e Stefan Lazarevic de Sérvia.

A dupla de historiadores Raymond McNally e Radu Florescu diz que «o imperador germânico Sigismundo de Luxemburgo e sua segunda mulher, Bárbara von Cilli, haviam fundado a Ordem do Dragão como uma fraternidade secreta militar e religiosa com o fim de proteger a Igreja Católica contra heresias... e organizar uma cruzada contra os turcos que haviam invadido grande parte da península balcânica.» (Em Busca de Drácula e outros Vampiros. Ed. Mercuryo.)



Daqui da para ter uma idéia da situação política da época:









1408

A Ordem do Dragão (“Drachenordens” em alemão e “Societatis draconistrarum” em latim) foi uma instituição, similar a outras ordens cavalheirescas do tempo, modeladas na Ordem de São Jorge (1318). Foi criada em 1408 pelo sacro imperador romano Sigismund (quando era rei da Hungria) e sua rainha Bárbara Cilli, principalmente com o propósito de ganhar a proteção para a família real. De acordo com seu estatuto (que sobrevive em uma cópia datada 1707), a ordem também requeria a seus novatos defender a cruz e batalhar contra seus inimigos, principalmente Turcos. A ordem original compreendeu vinte e quatro membros da nobreza, incluindo algumas figuras notáveis como o rei Alfonso de Aragon e Nápoles, e Stefan Lazarevic de Sérvia.


1409

João Huss (c. 1369-1415) foi nomeado reitor da Universidade de Praga. Sua política nacionalista, que pregava um sentimento anti alemão, era politicamente vantajosa para a monarquia boêmia e culminou no êxodo alemão da universidade.


1410

Huss viu-se alvo da suspeita de heresia e foi excomungado em conseqüência de seu protesto contra a queima dos livros do reformador inglês Wycliffe pelo arcebispo de Praga.


1411

Huss continuou sendo muito popular e pregando o que levou Praga a ser colocada sobre iterdição.


1412

Huss foi compelido a abandonar Praga e compôs sua maior obra, De Ecclesia.


1414-18

Decidido a acabar com o Grande Cisma da Igreja latina (1378-1417), Sigismundo forçou João XXIII a convocar um concílio ecumênico que teve lugar em Constança (1414-18). Uma das questões essenciais a solucionar em Constança era a extirpação da heresia, sobretudo a heresia hussita.


1414

Huss aceitou uma oferta de salvo-conduto feita por Sigismundo e viajou para Constança (1415) onde foi aprisonado, submetido a julgamento, condenado por heresia e queimado em auto-de-fé (6 de julho de 1415), inflamando assim o nacionalismo boêmio e originando guerras hussitas.


1422

Isabel (1409-1442), filha de Bárbara de Cilli, casou-se com o imperador habsburgo Alberto II.


1422

Fracasso do sítio de Constantinopla pelos turcos.


1427

Domínio turco da Sérvia


1430

Sigismundo de Luxemburgo obteve o controle da Alemanha após a morte de Rupert em 1430 e da abdicação de seu meio-irmão Venceslau.


8/02/1431

Sigismundo chamou à cidade de Nuremberg um número de príncipes e vassalos que considerou útil para alianças políticas e militares. (Entre eles o rei Ladislau da Polônia e os príncipes Vlad Dracul, da Valáquia e Lazarevic da Sérvia). Seu objetivo primário era iniciar o grupo na Ordem do Dragão.


1436

Primeiro reinado de Vlad Dracul na Valáquia (1436-42).


1437

Morte do Rei Segismundo.


1437

Ao ficar viúva Bárbara de Cilli pretendeu casar-se novamente com Ladislao, rei da Polônia e depois da Hungria, mas aquele recusou sua mão.


1440

Fracasso do sítio de Belgrado pelos turcos.


1442-43

Vitórias de João Hunyadi sobre os turcos na Transilvânia e na Valáquia.


1443

Dois filhos de Vlad Dracul (Vlad III e Radu, o Belo) tornam-se reféns do Império Otomano.


1443-44

A "longa campanha" de Hunyadi no Império Otomano.


1444

A Cruzada de Varna (os prisioneiros Vlad III e Radu correm perigo de morte)


1445

A campanha da frota borgonhesa no Danúbio.


1446

O sultão Murad II invade a Grécia. Mistra torna-se estado vassalo dos turcos.


1447

Vlad Dracul e seu filho Mircea são assassinados.


1448

Vitória turca sobre Hunyadi em Kossovo. Domínio turco nos Balcãs, exceto na Albânia.


1448

Primeiro reinado de Vlad III na Valáquia.


1451

Bárbara de Cilli voltou ao trono como Imperatriz da Alemanha.


1453

Tomada de Constantinopla pelos turcos. Morte de Constantino XI, último imperador do Sacro Império Cristão do Oriente.


1456

Fracasso do sítio de Belgrado pelos turcos. Morte de João Hunyadi. A Moldávia para tributo aos turcos.


1456

Vlad III começa seu segundo e maior reinado na Valáquia.


1457

O primo de Vlad III, Estêvão o Grade (Santo Estêvão) torna-se príncipe da Moldávia. Vitórias de Escanderbeg sobre os turcos, na Albânia.


1458

Os turcos conquistam Atenas. Matias Corvinus torna-se rei da Hungria.


1460

Os turcos conquistam Mistra e Tebas.


1461

Tomada de Trebizonda pelos turcos.


1462

Campanha turca contra a Valáquia.


1463-65

Os turcos invadem a Bósnia e a Herzegóvina.


1468

Morte de Escanderbeg.


1474

Liberdade de Vlad III assegurada pelo rei Matias.


1475

O Cã tártaro da Criméia torna-se vassalo dos turcos. Campanha húngara na Bósnia. Matias dá um comando militar a Drácula.


1476

Terceiro reinado de Drácula na Valáquia começa em novembro; termina em dezembro quando ele é morto em uma batalha perto de Bucareste.





Ordem do Dragão

Elizabeth Miller (Tradução: Shirlei Massapust - 1 de outubro de 2001)


A Ordem do Dragão (“Drachenordens” em alemão e “Societatis draconistrarum” em latim) foi uma instituição, similar a outras ordens cavalheirescas do tempo, modeladas na Ordem de São Jorge (1318). Foi criada em 1408 pelo sacro imperador romano Sigismund (quando era rei da Hungria) e sua rainha Bárbara Cilli, principalmente com o propósito de ganhar a proteção para a família real. De acordo com seu estatuto (que sobrevive em uma cópia datada 1707), a ordem também requeria a seus novatos defender a cruz e batalhar contra seus inimigos, principalmente Turcos. A ordem original compreendeu vinte e quatro membros da nobreza, incluindo algumas figuras notáveis como o rei Alfonso de Aragon e Nápoles, e Stefan Lazarevic de Sérvia.

Em 1431, Sigismundo chamou à cidade de Nuremberg um número de príncipes e vassalos que considerou útil para alianças políticas e militares. Seu objetivo primário era iniciar o grupo na Ordem do Dragão. Um destes era Vlad (pai de Vlad o Empalador), um pretendente ao trono do principado da Valáquia (parte agora da moderna Romênia), que naquele tempo estava servindo em Sighisoara como comandante da fronteira que guarda os passos das montanhas da Transilvânia, na Valáquia, da incursão inimiga. Quando em Nuremberg, Vlad recebeu também a garantia Sigismund de apoiar sua reivindicação ao trono da Valáquia. Mas seriam outros cinco anos antes que a ambição pudesse ser realizada.

A Ordem do Dragão adotou como seu símbolo em 1408 a imagem de um dragão circular com sua cauda enrolada em torno de seu pescoço. Em sua parte traseira, da base de seu pescoço à sua cauda, estava a cruz vermelha de St. George no fundo de um campo de prata. Com a expansão da ordem, outros símbolos foram adotados, todas as variações no tema do dragão e cruz. Por exemplo, uma classe da Ordem usou um dragão que está sendo estrangulado com uma cruz drapejada através de sua parte traseira; outros apresentam uma cruz perpendicular a um dragão cunhado com uma inscrição acima “O quam misericors est Deus” (vertical) e “Justus et paciens” (horizontal). Outros emblemas da ordem incluíram um colar e um selo, cada um com uma variante do motivo do dragão.

Vlad era obviamente orgulhoso desta investidura. Mais tarde teve as moedas cunhadas que mostram em um lado um dragão voado. Seus brasões pessoais também incorporaram um dragão. Em todos estes casos, o dragão pretendeu-se fazer uma imagem favorável, retirado da iconografia medieval na qual o dragão representa a Besta do Apocalipse (Satã) que é morto pelas forças do bom (Cristianismo). Vlad adotou o mote “Dracul” em referência a sua indução na ordem. A palavra “dracul” tem suas origens no latim “draco”, significando “O Dragão”.

Seu filho Vlad (mais conhecido como Vlad o Empalador) usou o mote “Drácula” no contexto de “filho de Dracul” ou “filho daquele que foi membro da Ordem do Dragão”. Uma vez que foi usado anteriormente como um título de honra. Em um número de ocasiões, Vlad (o Empalador) assinou originais usando o nome. A palavra “dracul”, entretanto, possuía um segundo significado (“diabo”) que foi aplicado a membros da família Drácula por seus inimigos e possivelmente também por camponeses supersticiosos. Era este segundo significado que encontra-se na obra de William Wilkinson An Account of the Principalities of Wallachia and Moldavia (1820), o livro em que Bram Stoker encontrou o nome “Drácula”. Não há nenhuma evidência que Stoker soubesse sobre a Ordem do Dragão.

Após a morte de Sigismundo em 1437, a Ordem do Dragão perdeu muito de sua proeminência, embora sua iconografia fosse retida nos brasões de diversas famílias nobres.


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